A simplicidade, e suas características associadas, como minimalismo, objetividade e clareza, estão cada vez mais presente nos melhores trabalhos que envolvem comunicação visual. Em uma época quando a informação chega como um tsunami, a mente humana respira aliviada ao ver um design que vá direto ao ponto.
A simplicidade deveria ser oo caminho natural de se fazer as coisas: por que então o que temos visto é o contrário? Minha hipótese é que as empresas, no entusiasmo de trazer inovação a qualquer custo e embaladas por uma onda de tecnologia que criava novidades a toda a hora, preferiam colocar um monte de trique-traques em seus produtos e, consequentemente, em sua comunicação. Tradição de engenheiro, que muitas vezes está na liderança do marketing.
Quando a tecnologia é nova e única, faz sentido esperar que o consumidor se maravilhe com ela por algum tempo. Lembre-se dos vídeo cassetes com dúzias de botões para se programar a gravação. Depois de algum tempo, o consumidor se encontra tão rodeado de botões que eles, ao invés de ajudarem, acabam atrapalhando a vida: ninguém gravava nada. O mesmo raciocínio se aplica à comunicação: quem tem tempo ou paciência para ler o Estado de domingo?
Um exemplo interessante do sucesso da simplicidade é oferecido pelo segmento de páginas iniciais pessoais (start page), aquela que o browser abre quando é ligado. A idéia era facilitar a vida. No início da Internet, as páginas iniciais eram longas e complexas:
Muitas alternativas surgiram mais tarde. A página inicial é um bom exemplo para esta discussão porque ela é basicamente uma tentativa de se organizar algo tremendamente complexo como a internet. Se o cérebro humano tivesse uma capacidade ilimitada, não precisaríamos deste tipo de organização, bastaria se digitar de memória o que precisássemos.
Mais um exemplo, desta vez do plug-in do browser Firefox, o Auto Dial. Veja como, apesar da grande simplificação em relação à página anterior, a lista de texto ainda é estranha, desorganizada e difícil de entender à primeira vista:
Precisamos reconhecer que a Apple, com sua tradicional preocupação com design e boa logotipia, fez muito pelo avanço da “usability” , um termo sem tradução exata em português (usabilidade?), que representa o desenvolvimento de uma interação fácil para o consumidor. O melhor exemplo é o Iphone, com seus ícones que imitam botões que estão presentes no dia-a-dia, como no telefone ou no interruptor de luz. Aqui entra uma dica: tudo o que lembra algo concreto, algo natural, ajuda na interação.
O exemplo abaixo é uma interessante solução para a página inicial, que se baseia fortemente no conceito do Iphone:
Pessoalmente, eu gosto do symbaloo.com. Mas nem todo mundo concorda: um site que está ganhando espaço na internet é ainda mais minimalista e direto ao ponto: o fav4.org. Apenas quatro ícones bem grandes, com a opção de configuração colocada discretamente abaixo, para não atrapalhar a clareza.
Finalmente, um fato que mostra bem o ponto ao qual chegamos com a enxurrada de informações, tão anti-natural ao cérebro humano, e a reação a que isso leva, é o fato que em recente pesquisa, o site lifehacker.com ter descoberto que 18% das pessoas preferem uma página inicial em branco!
Portanto, fica a lição: corte ao máximo, até que reste somente o essencial. Procure trabalhar com ícones e imagens que remetam ao concreto e lembre-se que as pessoas estão sobrecarregadas. Boa sorte.